Você já ouviu falar sobre a Varíola dos Macacos? A doença que tem colocado autoridades de saúde em alerta em todo o mundo faz parte da mesma família dos vírus da varíola clássica que foi erradicada em 1980, segundo explica o médico-veterinário Dr. Ciro Fagundes, presidente da Comissão de Saúde Pública do CRMV-RN.

O nome da doença é ligado aos macacos, porque o vírus foi identificado pela primeira vez nesses animais. No entanto, Dr. Ciro ressalta que os animais não são os vilões. A doença é transmitida principalmente de humano para humano e os macacos e outras espécies são tão vítimas quanto nós.

“Ela é uma doença endêmica do centro da África. Já falamos sobre a importância do médico-veterinário para perceber os padrões de alteração de doenças que circulam nos animais e em humanos, no entanto alguns países da África têm muitos problemas associados a guerras civis e má cobertura de saúde, então essas notificações ficam comprometidas”, diz.

De acordo com o presidente da Comissão de Saúde Pública, em 2017, a Varíola dos Macacos entrou no rol das doenças emergentes da OMS, o que significava que ela precisava ser vigiada. Surtos começaram a surgir na Nigéria, República Democrática do Congo, Serra Leoa, o que preocupou as autoridades. Ainda assim, não foram tomadas muitas providências.

Embora ocorressem em alguns países africanos, as autoridades ainda tentam identificar o que teria motivado a doença a se espalhar e já ser encontrada em mais de 30 países, ao longo dos últimos meses.

Modos de transmissão:

Contato direto com lesão de pele e bolhas ou feridas;
Mucosa com mucosa;
Contato com secreções;
Contato com roupas, lençóis e superfícies contaminados;
Transmissão vertical – de mães para fetos ou recém nascidos.

Sintomas iniciais:
febre
dor de cabeça
dores musculares
dor nas costas
gânglios (linfonodos) inchados
calafrios
exaustão
Dentro de 1 a 3 dias após o aparecimento da febre, o paciente desenvolve uma erupção cutânea, geralmente começando no rosto e se espalhando para outras partes do corpo.
As lesões passam por cinco estágios antes de cair. A doença geralmente dura de 2 a 4 semanas.

“Essa doença emergiu já há um bom tempo e a sociedade, de maneira geral, negligenciou e negligencia doenças que acontecem em países menos desenvolvidos ou subdesenvolvidos. Então é esse um grande problema. Há a necessidade de se ter uma cadeia internacional efetiva, com todos ajudando a produzir ciência e tecnologia para controle dessas doenças. Por que o mundo, nesse contexto de dinâmica populacional, está cada vez mais global”, defende Dr. Ciro.

Em nota divulgada no dia 31 de maio, a Sociedade Brasileira de Primatologia esclareceu à sociedade que não se deve agir com violência contra os macacos, por receio de contaminação.

“As instituições signatárias deste informe vêm esclarecer que, apesar do vírus receber a nomenclatura de varíola dos macacos, o atual surto não tem a participação de macacos na transmissão para seres humanos. Todas as transmissões identificadas até o momento pelas agências de saúde no mundo foram atribuídas à
contaminação por transmissão entre pessoas. É importante ressaltar que os macacos (primatas não-humanos) não são os ‘vilões’, e sim vítimas como nós (humanos), e não devem sofrer nenhuma retaliação, tais como agressões, mortes, afugentamento, ou quaisquer tipos de maus tratos por parte da população. O receio de contágio por transmissão desta e de outras doenças, como a febre amarela, pela proximidade com os macacos não se justifica. Muitos microrganismos afetam a saúde de primatas humanos e não-humanos, sendo que muitas vezes os primatas adoecem antes e isto nos alerta antecipadamente sobre a presença de uma doença que pode causar impacto sobre a saúde das pessoas. Ou seja, os macacos servem como animais sentinela sobre o risco de estarmos expostos a doenças”, diz a nota.

Varíola dos Macacos: os animais NÃO são vilões

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