Secretário-geral do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado do Rio Grande do Norte (CRMV-RN), o dr. Filipe Guedes representou a autarquia em audiência pública que aconteceu nesta terça-feira (15) na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, sobre o Outubro Rosa Pet. O evento proposto pelo deputado Sandro Pimentel (Psol) discutiu a prevenção do câncer de mama animal.

“A Medicina Veterinária evoluiu muito nos últimos anos. Isso gera um mercado gigantesco. Mas também existe uma parcela da população que passa à margem desse mercado, que são os animais errantes, animais abandonados que sofrem com o abandono. A sociedade tenta prover de uma certa forma, por meio de ONGs e pessoas privadas. Nós vemos também uma atividade grande do centro de zoonose, mas infelizmente verbas públicas são escassas”, afirmou o diretor do CRMV.

Dr. Filipe Guedes ainda relatou que o Conselho é atuante junto ao Centro de Controle de Zoonoses nas campanhas de castração e também orienta as clínicas a ajudarem de forma voluntária. “Muitos têm se engajado, mas ainda é pouco. A quantidade de animais de rua é muito grande e ainda não temos dados tão específicos sobre essa quantidade. E o fator limitante de realizar as castrações é a mão de obra escassa e falta verba”.

Sobre o câncer de mama nos animais, o secretário lembrou que nos cães e nos gatos o exame clínico feito pelo próprio tutor é um bom início, porque quanto mais cedo for diagnosticada a doença, mais fácil, rápido e barato é o tratamento e a tentativa de cura.

Pontos de vista


Outros médicos-veterinários também participaram do evento. Entre eles, dr. João Ciro Fagundes, que representou o Centro de Controle de Zoonoses, mas também é membro da Comissão de Saúde Pública do CRMV-RN. Ele falou sobre a atuação do CCZ especialmente em relação às castrações. 

“É ruim eu falar mal do meu serviço, mas o número de animais atingidos com as castrações é ínfimo comparado à realidade. Apesar de que eu agradeço demais quem nos dá suporte para que elas ocorram”. Ele informou que uma das ações que o centro de zoonoses vem tentando fazer é o levantamento dos animais em Natal para saber o impacto desses animais.

 
O médico-veterinário aproveitou o momento para sugerir que o Poder Legislativo e o Executivo conversem para que haja a efetiva execução das ações e também sejam criadas leis que sejam executáveis. E deu o exemplo do castramóvel, que muitas localidades no país não querem porque não têm como mantê-lo. “Ou a gente pensa de uma maneira coletiva, multidisciplinar, ou então esses mutirões de castração vão servir muito pouco para amenizar os problemas. E é preciso tirar esse estigma de que se trata apenas de bem-estar animal, porque esse assunto é de bem-estar coletivo”, disse. Outro aspecto levantado por João Ciro foi sobre a necessidade de institucionalização das coisas. “Temos que ter equipe nas zoonoses que trabalhe a parte de bem-estar animal todos os dias, senão não há continuidade. Não podemos viver na condição de receber apenas favores e boa vontade de pessoas dispostas a ajudar e depois ficar não ter mais”.

A professora de medicina veterinária da Universidade Potiguar (UNP), Amanda Rezende Duarte, opinou sobre a importância do Outubro Rosa Pet. “Sou veterinária, então eu represento os profissionais que atendem esses animas, que chegam muitas vezes no estágio final da doença. Então, conscientização é fundamental. É importante o trabalho de conscientização não só sobre o câncer de mama, mas também no sentindo de posse responsável, de conduta adequada, de como ter e cuidar de um animal de estimação”. Sobre as castrações, a professora informou que a instituição para que trabalha está aberta a parcerias. 

O parlamentar propositor da audiência aproveitou a ocasião para cobrar mais atenção dos Poderes Executivos, municipal e estadual, em relação aos animais. “O governo do Estado tem que ter um projeto de cuidado animal, um escopo inicial e, a partir daí, buscar ferramentas, organizações, parcerias, emendas, etc. Não cabe ao legislativo fazer isso. Eu já disse que estou à disposição para contribuir, mas não pode ser eu a fazer tudo sozinho. A gente tem que ter essa construção coletiva, mas alguém tem que puxar esse fio condutor, e quem tem que puxar esse fio é o Executivo, senão a gente não consegue chegar a lugar algum. A prefeitura de Natal e o Governo do Estado ainda não entenderam a importância dessa causa”, esclareceu o deputado Sandro Pimentel.






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