O dia 6 de Julho foi escolhido para representar o dia mundial das Zoonoses. Para evidenciar este dia tão importante, principalmente pelos tempos que a humanidade está passando, falaremos sobre estas doenças. A definição genérica de zoonoses é a de doenças que são transmitidas por animais para humanos, ou de humanos para os animais. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a zoonoses como “Doenças ou infecções naturalmente transmissíveis entre animais vertebrados e seres humanos” (OMS, 2016).

A transmissão pode ocorrer de forma direta, principalmente através do contato com secreções (saliva, sangue, urina, fezes) ou contato físico como arranhaduras ou mordeduras. De forma indireta, pode acontecer por meio de vetores como mosquitos e pulgas, por contato indireto com secreções, pelo consumo de alimentos contaminados com agente patogênico (viral, bacteriano, fúngico ou parasitário), entre outros (ACHA E SZYFRES, 2001).

A capacidade de transmissão é influenciada pelo período de incubação, densidade populacional, práticas socioeconômicas e ecológicas, estabilidade e virulência do agente (AGUDELO-SUAREZ, 2012).

Os agentes responsáveis por desencadear essas alterações podem ser microrganismos diversos, tais como, vírus, bactérias, fungos, protozoários entre outros (ACHA E SZYFRES, 2001). Além de fatores biológicos como genética e imunidade.

Na definição por ciclo mantenedor são, Zoonoses diretas: O agente pode persistir com passagens sucessivas por uma única espécie de animal vertebrado; Ciclozoonoses: O agente necessita obrigatoriamente passar por duas espécies distintas de animais vertebrados para que o seu ciclo se complete; Metazoonoses: O agente necessita passar por hospedeiro invertebrado para que o seu ciclo se complete; Saprozoonose: O agente necessita passar por transformações que ocorrem no ambiente externo em ausência de parasitismo.

Uma série de doenças emergentes e reemergentes estão sendo reconhecidas em países industrializados e em desenvolvimento. A população em expansão, vivendo com alto grau de adensamento, em domicílios inadequados e condições sanitárias precárias, tem sido exposta a uma série de patógenos humanos (Arias 1996).

Agora que já sabemos um pouco mais sobre doenças zoonóticas, será necessário fazer uma abordagem atual sobre as políticas de controle e se possível, erradicação daquelas doenças.

Condicionantes como ecologia, antropologia, desenvolvimento sustentável e Bem Estar animal, são temas que precisam ser incluídos em programas de Saúde Única o mais rápido possível, pois a negligência com estes, promoverá um cenário não desejado ao gestor que queira aspirar um melhor resultado na saúde preventiva, sabendo que várias zoonoses têm como um dos pilares na manutenção do seu ciclo biológico, animais que de alguma forma estejam vulneráveis aos cuidados mínimos de sanidade preventiva. Haver uma abordagem moderna que contemple todas as ferramentas de vigilância epidemiológica, além dos temas supramencionados, nem que seja na sua simplicidade, será de grande valia.

Entretanto, ações que tenham um olhar antigo para diagnosticar cenários de risco e estratégias de controle, usando ferramentas em ações isoladas, que ao se lançar mão, não distingam peso no impacto das partes envolvidas, estão fadadas ao fracasso.

E termino este texto fazendo uma constatação lamentável: A mim me parece que se o comportamento humano continuar tendo traços fortes de egoísmo para com o planeta Terra, nos tornaremos a pior das zoonoses.

* Dr. Ciro Fagundes é médico-veterinário, coordenador do Núcleo de Vigilância Epizoótica da Secretaria Municipal de Saúde de Natal e escreveu sobre o tema a convite do CRMV-RN.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *