O Rio Grande do Norte vive uma epidemia de dengue, segundo reconheceu o governo do estado na última sexta-feira (20), com a publicação de um decreto de situação de emergência. A prefeitura de Natal já havia reconhecido uma epidemia oficialmente no dia 11 de maio.

Por causa do aumento de casos, unidades públicas e privadas de saúde enfrentam lotações.

As autoridades de saúde do estado divulgam medidas de combate à proliferação dos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus, responsáveis pela transmissão da dengue e de outras arboviroses como zika e chikungunya. A principal delas é a eliminação de locais que acumulem água parada – ambiente propício para reprodução dos insetos.

Como já vem alertando nos últimos anos, o CRMV-RN reforça para a necessidade de investimento do poder público na contratação de médicos-veterinários, que são profissionais fundamentais no trabalho de vigilância e gerenciamento de programas de combate a essas doenças, em conjunto com outros profissionais de saúde.

Isso porque o médico-veterinário é um profissional da Saúde Única – conceito que engloba a saúde humana, animal e ambiental. A profissão agrega, em sua formação, conhecimentos nessas três áreas.

Presidente da Comissão de Saúde Pública do CRMV-RN, o médico-veterinário Dr. Ciro Fagundes, explica que as arboviroses – como essas doenças são chamadas – são causadas por vírus transmitidos por animais artrópodes, principalmente mosquitos.

“A principal condição de combate das arboviroses tem que passar pelas estratégias da saúde pública e os médicos-veterinários vão ser importantes porque na própria graduação há especificidades que nós, por sermos mais abrangentes em saúde, conseguimos ter uma expertise. Algumas das arboviroses têm ciclos que são mais complexos, que têm invertebrados de várias espécies envolvidas. Então, fortalece a necessidade de um profissional conhecedor por completo de toda fisiologia desses animais, quando tem envolvimento de outros animais além do ser humano”, ressalta.

Dr. Ciro Fagundes aponta que, nos casos de surtos e epidemias de arboviroses, os médicos-veterinários possuem conhecimentos técnicos e científicos sobre os ciclos das doenças e têm capacidade de percepção de alguns padrões que normalmente não são notados de maneira geral pelos profissionais de outras áreas.

É o caso do transbordamento zoonótico, que é termo técnico utilizado para definir quando uma nova espécie passa a fazer parte das relações agente-hospedeiro-ambiente.

“O médico-veterinário é importantíssimo para perceber esse novo padrão que pode ser que haja na transmissão da doença e, além disso, participar das estratégias de controle e prevenção”, conclui.

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