O Rio Grande do Norte registrou uma produção de 20,7 mil toneladas de camarão em 2019, liderando a carcinicultura no Brasil, segundo dados da Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada em outubro de 2020. Sozinho, o estado foi responsável por 38,2% de toda a produção nacional naquele ano.

Ainda de acordo com o IBGE, a produção potiguar movimentou R$ 555,4 milhões – um volume de recursos que representou 46,8% do valor produzido pela carcinicultura brasileira e com um crescimento de 5% em relação ao período anterior. O estado também foi o maior produtor de larvas de camarão, com 6,7 milhões de milheiros em 2019, que representaram 56% da produção nacional.

No entanto, o que poucas pessoas sabem é que o médico-veterinário desempenha um papel fundamental nessa atividade produtiva. Por lei, os empreendimentos na área devem contar com a responsabilidade técnica de um profissional e ter registro no Conselho Regional de Medicina Veterinária.

Atuando como responsável técnica do Grupo Samaria, a médica-veterinária Roseli Pimentel alerta que a área ainda é muito carente de profissionais, mas também exige qualificação de quem se interessa em trabalhar no setor.

“O mercado na verdade é carente de médicos-veterinários preparados e dispostos a fazerem diferença. Nossa classe infelizmente não tem se qualificado na área para exercer com propriedade o que a Medicina Veterinária pode aportar neste setor. Temos muitas vezes ocupado posições nas empresas por força da Lei, quando deveríamos ser vistos como essenciais”, ressalta a profissional.

Para Roseli, um dos grandes entraves para o ingresso de profissionais no setor é falta de base na formação dos profissionais. Ela ainda considera que as universidades deveriam contemplar, na sua grade curricular, disciplinas com ênfase na carcinicultura.

“No meu caso, ao concluir a Medicina Veterinária fui fazer Mestrado no Programa de Engenharia de Pesca da UFRPE, além de participar de cursos voltados para a área. Creio que atualmente a melhor forma de o profissional se preparar para ingressar no mercado seria por meio da realização de cursos de formação complementar, estágios no setor produtivo e pós-graduação em programas relacionados à área”, explica.

A profissional também considera que há um distanciamento entre as instituições de ensino e o setor produtivo e, por isso, conteúdos, estudos e pesquisas realizados atualmente acabam não sendo compartilhados.

Papel do Médico-Veterinário

Assim como nas mais diversas atividades pecuárias, a profissional ressalta que o médico-veterinário é importante no monitoramento do status sanitário dos animais nos sistemas de produção, através do emprego as boas práticas de manejo, orientação para o emprego de tratamentos (profiláticos e/ou curativos), produção e interpretação de laudos, gestão do trânsito animal; entre outros pontos.

De acordo com ela, os profissionais também atuam na condução e participação nos programas de melhoramento genético; atividades de pesquisa e desenvolvimento; diagnósticos clínicos e laboratoriais; gestão da produtividade; e na saúde pública, por meio de todas as etapas do beneficiamento e demais regulamentações necessárias para a liberação do camarão para consumo,em consonância com a legislação.

“A atuação do veterinário é indispensável nas etapas de produção de pós-larvas e na indústria, uma vez que, nessas etapas os órgãos regulamentadores exigem documentos assinados pelo referido profissional. Todavia, o médico-veterinário pode e deve atuar em todas as fases do processo produtivo”, aponta.

  • Laboratórios de produção de pós-larvas: fase inicial onde geralmente está implantada a maturação (núcleo onde os reprodutores são mantidos) e a larvicultura.
  • Fazendas: nesta fase do processo ocorre o processo de engorda dos animais.
  • Indústria ou Beneficiamento: nesta etapa do processo o camarão é transformado em produto.

Como Responsável Técnica, a profissional atua em várias frentes, como o acompanhamento sanitário dos animais na maturação, na larvicultura e fazendas; emissão da Guia de Trânsito Animal; gestão do programa de melhoramento genético; participação no comitê da Gestão Integrada para atender as certificações da empresa; gestão do Plano de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC); avaliação e acompanhamento das análises de qualidade para atender as legislações; e avaliação da qualidade da água utilizada nos processos, bem como nos afluentes e efluentes utilizados.

“Todas as pós-larvas que transitam no Brasil estão acompanhadas de atestado sanitário e GTA (guias de trânsito animal) assinadas por um médico-veterinário habilitado junto ao MAPA. Bem como, os camarões pescados nas fazendas, que também devem sair com o referido documento e sem ele, não lhes é possível adentrar na indústria. Assim, julgo que a participação do médico-veterinário é efetiva na retomada deste título para o RN, de ‘maior produtor de camarão do Brasil’”, conclui.

 

Assessoria de Comunicação do CRMV-RN

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